Não sou do tamanho da sombra que vês
artistas
Francisca Espregueira
João Pedro Filipe
Simão Townshend
Teresa Esteves da Fonseca
Teresa Príncipe
Museu Nacional de Machado de Castro, Coimbra, PT
15 de dezembro de 2024 - 12 de janeiro de 2025
Residência Artística - O Círculo (João Pedro Filipe)
Local
Data
Curadoria
pt
Todo o sujeito é construído a partir da projeção. Um movimento que possibilita a saída de si para ir ao encontro de outro, para sentir e descobrir outro. Esta projeção pode ser consciente sobre o próprio, consciente sobre o outro ou inconsciente entre ambos. E a identidade do sujeito é construída a partir destes movimentos; como sombras que se juntam para formar o dispositivo, o objeto, o sujeito. Não estática, mas dinâmica; a projeção varia com o olhar, com o tempo, com o espaço. Dá-se uma saída. E como sombra que é, não só é ontológica como é evidencia de existência. A sombra denuncia uma presença. E aqui encontra-se o mistério que conduz ao espanto e à novidade. Uma projeção que confere forma ao informe; uma percepção sobre o que era desconhecido. Seja pequeno, seja grande, esteja de lado, esteja de frente. Mediante a perspetiva, a percepção altera-se e descobre-se o novo. É caminho necessário na sombra; pois um novo sujeito aguarda ser re-conhecido. Na verdade, nunca se é do tamanho da sombra que se vê. Ainda assim, o que fica de olhar a sombra é que é sempre manifestação da luz.
O trabalho dos artistas em residência dialoga necessariamente com a projeção do espaço e com as obras permanentes do Museu Nacional de Machado de Castro. A nova obra habita e não quer invadir nem conquistar. Não retira. Pelo contrário, quer ser vista à luz da História. A herança de João de Ruão e de outros mestres ajudam a olhar a nova obra, a olhar a contemporaneidade. Dão luz. E é essa herança que forma a sombra do novo; que permite ao novo projetar-se e descobrir-se. A proposta da apresentação vai ao encontro do percurso dos artistas nesta Residência: olhar precisamente as sombras que cada sujeito tem, não com um peso sombrio, mas como possibilidade de olhar novas todas as coisas.
João Pedro Filipe, dezembro 2024
uma iniciativa de